A chuva cai lá fora. Molha, encharca as cabeças, os guarda-chuvas, os casacos novos e os velhos também. Aquela chuva não dói, nem faz chorar, só molha.
Estou cá dentro de casa, entre paredes que demoraram imenso tempo a erguerem-se. Cá dentro não chove para os outros, mas para mim sim. E muito.
O telemóvel toca, notícia má. Encharcou-me. Pingo tal e qual (ou até mais) como pingam as pessoas lá de fora. Porquê? Porque teima a chuva em molhar-nos? Porque nos tenta deitar sempre abaixo quando estamos bem lá no alto? Porque chove cá dentro, debaixo de um tecto preenchido por inúmeras telhas? Porquê?
Não merecemos. Não merecemos mesmo.
O nosso esforço, a nossa dedicação, o nosso… amor? Sem dúvida. Apeguei-me tanto a ti. TANTO. Agora, é tarde. Não te descoles mais. Não podes, nunca mais.
Molhei-me. Molhei-te (desculpa). Molhámo-nos.
Quando irá brilhar o sol sem medo que as nuvens se ponham à sua frente?
Acho que nunca. Acho que iremos brilhar sempre cheios de medo(mas não será por isso que o nosso brilho perderá a qualidade). Porque é só quererem, e as nuvens tampam-nos num instante.
Mas não vão tapar-me sozinha, nem tão pouco a ti sozinho. Se taparem, tapam-nos aos dois, porque estaremos sempre juntos. (Lembras-te? SEMPRE).
Venham muitas nuvens, porque aprendi contigo que, mesmo que chova cá dentro, só nos iremos molhar se quisermos não é? O poder é nosso.
E queremos?
Claro que não. Somos muito mais fortes que nuvens, que chuvas, que tempestades, que trovoadas. Somos muito mais. Muito mais. (Juntos)
(Foda-se, Deus existe?! Por favor…estamos aqui!)
04.08.06