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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Palavras de sabão


Não fales. Quero o eco do silêncio, a reboque da distância de segurança que assinalei entre nós. Quero o encontro (só!) das respirações, que esse vale a pena ouvir. Quero não me encheres os ouvidos de algo mais do que a tua voz, que me enjoa os sentidos; e de todas as tuas promessas que sabem a pó, o qual eu já tenho em demasia debaixo da cama mas que pelo menos não me serve de monstro quando a noite cai. Quero não me expores como fazes com as feridas, para depois me seres um buraco negro no qual cabe tudo aquilo para que não arranjo espaço no final do dia. Quero não me enterrares em mim como um prego enferrujado e não me prenderes os movimentos aqui de lado quando respiro, ando ou tento saltar. Quero não me acotovelares o piso onde me mantenho, e quase me jurares que o pé em falso que dou quando tropeço na estrada é obra tua. Quero não me sussurares a tristeza emaranhada que sentes, nem sentir sabes, nem falar sabes. Não, asério, prende antes o hálito do tabaco aos dentes e enrola as mentiras numa teia que não a minha. Que essas palavras escorregam-me a paciência fora, deslizam-me como um parasita, sem encontrar um fim à irritadiça da pele e quando acontece, muitas vezes sem eu estar à espera, cravam-me sem dó nem piedade por dentro; e às tantas o sangue flui, aflito, porque sei, de fonte segura, que o que me fazes cola-se às artérias e sabe a azedo. Não digas nada. Escreve, que o papel queima-se. Articula, que os gestos esquecem-se. Suspira, que eu entendo. Mas não fales (por favor, não).

sábado, 6 de dezembro de 2008


Ando a pisar o risco, mas nunca o ultrapasso. Derrapo-me sobre um fio ténue, onde há muito espaço à minha volta e as vontades, sozinhas, combinam-se e entram sem pedir licença. E eu, estúpida, decido-me a apenas! impor-me às fronteiras da boa educação e a limitar-me aos saberes da etiqueta, como manda a regra de qualquer um que se preze. Mas nunca demoro muito a cair em mim. A coreografia é inevitavelmente a mesma; sinto-me um maquinista louco, descarilando-me por uma série de carrinhos-de-mão em viagens trocadas. Até que a sequência dos actos acabam por ficar gravadas na raiz dos cabelos, na ponta dos dedos, no suor da pele. E aprendi da pior maneira que as minhas vontades fazem-se pagar caras, mas o que vale é que os actos ficam com quem os pratica.
Ando a pisar o risco, é verdade. Mas não faço a mínima ideia onde acaba a linha e ainda bem que também não quero saber.
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quinta-feira, 27 de novembro de 2008


É como uma caixa cheia de qualquer coisa lá dentro. Pequenos objectos e materiais que permitem criar e construir uma obra de arte. Algo único. Impossível de reproduzir cópia. Eterno. Indescritível. Cheio de interpretações de inúmeras pessoas.
"Amo-te" é como essa caixa. De fora só vês a caixa... uma caixa que até pode estar feita num trapo. Ninguém dava nada por ela mas, quem a abre, fica fascinado com o que ela contém. Ninguém sabe. Nem tu e eu sabíamos. Mas agora sabemos.
Por isso, vou lutar. Não vou desistir. Não é justo fazê-lo tendo em conta o que temos dentro de nós, este amor que nos sufoca mas que é ele a melhor razão para respirarmos. Vou dar-lhe o melhor que tenho em mim, vou dar-lhe a oportunidade que nunca lhe demos, vou ser tua e apenas tua. Porque o amor dura uma vida, uma longa vida mas que, infelizmente, só dura uma vez. Por isso, quero-te ao meu lado seja a sofrer seja a respirar felicidade. Neste mundo onde a guerra existe em demasia, o tiro acertou-nos em cheio. E a mim, não me passou ao lado.
Amor da minha vida.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

a tradução do coração


Se algum dia for capaz de dar som ao silêncio que nos rodeia, acho que deixarei de estar apaixonada por ti. Dizem que a única coisa realmente verdadeira é aquela com que conseguimos estar sem trocar uma única palavra. Ou então, trocar todas as existentes no nosso mundinho. Porque mesmo o nosso amor em silêncio é bom, estar contigo em silêncio chega a ser melhor que horas a falar pelos cotovelos.


Um dia perguntaram-me porque é que é bom abraçar-te e como é que sei que esse abraço é realmente bom. E, por isso, às vezes quando páro para pensar tento descrever para mim mesma < o que é abraçar-te e porquê abraçar-te>; Massssssss, chego à conclusão que era capaz de ficar por ali horas a pensar nisso que a resposta nunca acabaria por chegar. Porque percebi que as "coisas" realmente boas são aquelas que não somos capazes de explicar, de as traduzir em palavras. Mas que se lixe a tradução dos sentimentos em palavras quando esta não passa de um quadro pintado a preto e branco e a nós, pertencem-nos as aberrações das cores, daquilo que juntos pintamos e que só a nós nos diz respeito. A nós. Mais ninguém. E por isso guardo, guardo tudo. E é aí que entra novamente o silêncio; É aí que olho para ti e sei que me amas mesmo que nao fales.

sábado, 25 de outubro de 2008

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

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Dei-te um chuto...
Para bem longe de mim.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Será que quando conseguiste o que querias ainda queres o que conseguiste?

terça-feira, 9 de setembro de 2008

- Escrever um livro? Se tivesse que escrever um livro seria sobre Amor.
- Um Romance? Porquê sobre Amor?


- Porque assim seria um livro sobre tudo.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

E quando se volta...

E o vazio que senti naquele momento, preencheu-me por completo.

Antes disso, foste tu que me preencheste dessa tua maneira tão própria. Completaste-nos ao me encheres de mimos como se aquela fosse a última vez que nos estivéssemos a ver. (E penso... mas e se fosse mesmo?)
Mochila às costas, tenho que ir. Agarras-me a mão e falas pouco e eu pouco falo. Caminhamos devagar como se ambos quiséssemos adiar aquele momento para sempre. (E queríamos)
Odeio despedidas. Odeio ter que dizer que vou agora e volto depois. É uma espécie de côco e, como tal, é intragável.

A verdade é que se não formos, também não voltamos. E voltar... PORRA voltar é óptimo!

A forma como olhas para mim nestas alturas torna ainda mais complicado todo este processo medonho. Mas confesso que é que é difícil desviar-me do teu olhar. É como se possuísses nos olhos uma espécie de orientação certíssima para tudo e mais alguma coisa. Eu fio-me nisso e é assim que falamos um com o outro em silêncio.
E eu gosto.
E respondo-te sempre
da forma mais espontânea possível.
Garantindo-te que é também a mais verdadeira.


6,5 beijinhos e até já


quinta-feira, 17 de julho de 2008

Lua com cabeça, tronco e membros


Podia acordar-te agora para termos um momento idêntico ao que tivemos há uns tempos atrás...
Estou deitada e mal consigo abrir o olho esquerdo mas, ainda assim, consigo apreciar a luz enorme que transborda pela minha janela a dentro. Rapidamente prefiro não te acordar, deixar-te aí, nesse mundo onde já todos foram mas que na verdade ninguém sabe o que é nem onde se encontra; Então, permaneces assim. Nessa tua simplicidade tão própria que te torna demasiado completo numa complexidade tão simples. Porque, das coisas que mais gosto, é ver-te dormir ao meu lado, abraçado a mim e, por isso, observo-te de olhos fechados e a tua respiração lenta deixa-me o coração acelerado com batimentos que surgem pelo toque do teu corpo no meu.
Observo-te. E, ao pé de ti, a lua não é mais que um simples astro estudado e explorado por alguém. Quanto a mim, encontrei-te eu. E o que temos juntos ultrapassa qualquer outro desses fenómenos naturais.
E, como sei que até a dormir a sintonia se mantém, quero que fiques comigo mesmo que o luar deixe de entrar pela minha janela.
Assim como guardei a lua nas minhas mãos, guardo-te a ti. Para sempre.

terça-feira, 8 de julho de 2008


revolta-me não ter mão nisto, não conseguir rodar o mundo com a ponta do meu dedo e fazê-lo transbordar do que realmente mete toda a gente a sorrir, toda a gente a rir também. já não chegam ao pé de nós com uma lâmpada mágica e nos dizem: sou capaz de te conceber 3 desejos, escolhe-os. acho que o problema de crescermos é mesmo perdermos a capacidade de acreditar, de saber sonhar com a coisa mais ridícula que nos surja à frente, ou até mesmo na nossa cabeça. hoje em dia, esses 3 desejos são poucos devido ao sítio que pisamos todos os dias; esquecemo-nos do que é dar mas quando recebemos, mesmo assim é pouco. se calhar deveríamos andar o resto das nossas vidas rodeados de sete anões e belas adormecidas como um género de guia para o caminho mais acertado, ou então, o mais bonito.
não pedi 3 a ninguém porque sinto que os tenho todos dentro de mim e, antes que o génio da lâmpada chegue, vou concretizá-los sozinha. se vocês pensassem todos da mesma maneira, talvez fossemos capaz de alterar a trajectória do mundo.

Já ninguém morre de amor


- Sabes - disse - não acredito muito nos homens.

Eu respirei fundo e perguntei:

- E no amor, acreditas?

Ela observou o muro e o portão do cemitério, acendeu um cigarro e depois respondeu:

- Sofrer por amor pode ser bonito. Mas não faz sentido, pois não?

Nesse momento, tive vontade de lhe contar o que fora a minha vida neste último ano, desde que a vira pela última vez.



in Já Ninguém Morre de Amor,
Domingos Amaral


sexta-feira, 27 de junho de 2008


Não quero brincar mais, por isso, não o faças. Não me limites os desencontros, não me simules as vontades e não me confrontes o prolongamento das minhas próprias fronteiras. Não me troques por tentativas fúteis e estratégias indisciplinadas e desleais, não me situes entre gestos perdidos, não me pressintas a insegurança, não me enroles nos teus escândalos, não me traves batalhas. Não me vistas as palavras, não me dispas a concentração e não te ponhas a meio termo no meu vestido. Não me devores a língua, não me puxes para ti, não me acendas o controlo e não me deixes a boca aberta, que por ela dispara o coração, aflito. Não faças bluff, que toda eu sou all in: mais do que um jogo de póquer que te prende a masculidade débil no botão das calças, não me baralhes a fraqueza; não me dês espadas, dá-me copas. Não me atrapalhes nos actos, porque não, não quero brincar mais. Não me corras entre o sangue apressado, não me pintes a pele amena, não me construas legos perpendicularmente paralelos ao teu caminho, no qual enterras os baús da infância, pequena e inútil. Não me rendas as estrelas, não me embales a escuridão, não me desfiles a tristeza, não me persigas a sombra agitada, não me abandones o chão trémulo, não me trepes os sentidos, não me roubes a razão, não me espreguiçes as frases. Não faças contas de cabeça, não fingas que conheces cada pedaçinho de mim, não me atires às cegas, juízinho, e não brinques mais comigo; não digas que me amas, por favor, não soletres a palavra como quem conta até vinte e aqui vou eu. Vá lá, estou cansada e não me aptece brincar mais. Não? E um cigarrinho na bancada, posso?

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Eterno super-homem


E era sempre quando subia a rampa a correr, cheia de laçarotes que me percorriam todo o corpo e a alma pequenina repleta de uma ingenuidade infantil, que o via. Sentado naquela sua cadeira de eleição, de ferro pintada a branco e com a almofada verde no assento, que ainda é, a trabalhar sempre em qualquer coisa ou simplesmente a descansar da longa caminhada que não se cansava de fazer todos os dias (maldita!).
Foi assim, durante quase 14 anos que, alegremente corria para os seus braços e gritava "AVÔ, cheguei!" e me respondia sempre da forma mais calorosa de que era capaz: com inúmeros beijinhos em cada face da minha cara e com a tão conhecida resposta "Que bom, neta!"; Mais difícil que não me lembrar, é esquecer... De como ficava amuado quando, mesmo sem querer, fazia "asneira". Qual era o mal de entornar um copo de vinho na toalha da avó? A verdade é que, desde muito nova, me fez notar que era possuídor de uma perfeição perfeita em que nada poderia ser feito de forma incorrecta, em que os outros eram sempre os mais importantes e o que vinha para si podia ser sempre a coisa "mais reles" à face da Terra;
Realmente, são mesmo as pequenas coisas que nos tornam grandes e, é por isso, que o avô é a melhor pessoa que conheço. Porque, desde o deixar as boinas no cabide por ordem de utilidade até à organização do vinho na garrafeira e a hora que dedicava à sesta, é especial. E será sempre...
É estranho mas, ainda o sinto quando acendo a luz do lagar para ir lá acima aos tios e passo pelo seu "refúgio". Parece que, às vezes, quando olho lá para dentro, ainda o vejo atarefado a arrumar tudo o que para mim nunca estava desarrumado mas ao que o avô não se cansava de dedicar o seu tempo. Nessas alturas, o nó dá-se na garganta, os arrepios são múltiplos e as mãos ficam húmidas assim como os olhos. E o coração... esse está cheio de memórias preenchidas pelos chocolates que me dava antes do lanche, sem a avó saber. Mas, a verdade é que não está lá...e aí, a saudade permanece e faz esboçar inúmeros sorrisos que me consomem dos pés à cabeça; Quando vou para o largo e passo pelo banco, é impossível reter o olhar para o lado esquerdo visto que as suas tardes eram ali e quando lá passava, chamava-me sempre para lhe ir dar um beijinho. Também já alguns dos seus amigos abandonaram aquele local e até se calhar estão hoje aí, nesse sítio, todos reunidos a festejar, consigo, com água pé e com longos jogos de cartas. Porque hoje está de parabéns. E estará para o resto da minha vida assim como o orgulho de, entre tantas outras coisas, me ter ensinado a jogar à bisca.


segunda-feira, 26 de maio de 2008

Outra margem de mim

terça-feira, 20 de maio de 2008

Obrigada Maddie

Agora, pouco tempo depois de completar os dezoito anos, sou capaz de traduzir, para aqui, as palavras que, no momento, simplesmente originaram sentimentos. A lágrima... aquela que resultava deles e as emoções que lhe davam as mãos, a pular tão eufóricas, deu um nó na minha garganta e impediu-me de soltar as palavras que planeei anteriormente para ti, com a ajuda do meu coração. O coração esperneou com tantas letras que juntaste na perfeição, os olhos molharam-se não com a luz do telemóvel mas sim pela magia com que os conseguiste enfeitiçar, as sardas aumentaram, as mãos ferviam e o coração... esse saltava pela boca. Então, preferi esperar. Preferi que o orgulho de receber aquelas e estas tuas palavras, me assaltasse o coração e lhe garantisse as tuas frases como único meio de sobrevivência. Foi então que consegui, aos poucos, emitir palavras como forma de justificar, aos outros e até a mim mesma, o poder da tua mensagem.
É estúpido, mas também dá a volta ao miolo. Mas senti os dezoito... senti não só a idade como o peso da palavra que as pessoas lhe dão. (Estranho.. mas bom!)
E tu madalena, assim como 'tantas' outras pessoas, fizeste-me entrar da melhor maneira na maioridade. Nesse poder que, apesar de tão pequenina, já o possuo. Com vocês.
Obrigada.

domingo, 11 de maio de 2008


Se um dia te perguntarem de que cor é o sol, diz-lhes que o amarelo passou de moda e que o laranja se encontra em vias de extinção. Lembra-lhes que o nosso sol não é o mesmo que o deles. O nosso é transparente com tons de branco realçados como que se um esguicho de mil cores tivesse sido dado por (não) querer.
Poderiam considerar-me louca, mas o meu cérebro derrete(u)-se graças a um medonho nascer-do-sol que anuncia(va) aquele dia. E eu escondi(a)-me entre os meus membros: entrelacei os meus braços nos dedos dos pés e colei o tronco à minha perna direita. A minha cabeça voltou-se para baixo e eu vejo o chão no tecto e o tecto no chão. És(-me) superior e tens poderes de uma mítica figura de banda desenhada: caminhas no tecto e lutas para conseguires tocar com os dedos das mãos no chão. O truque é simples e de parvo não tens muito: o sorriso move(-te-nos) e tu alcanças o que querias. E o melhor é que, depois de o alcançares, ainda o queres. Então, a luta permanece e o sentimento que te suspende no ar como um astronauta, é constante. (E bom!)
É como se não existisse oxigénio e, por isso, elevas-te. Ou então, estou mesmo a enlouquecer e isto é um sonho; Criado por ti com a tua conhecida capacidade de o tornares tão estranhamente real (e magnífico!) Somos prova. Muitas provas de que não é preciso existir atmosfera para que as palavras sejam transmitidas e recebidas. Eu recebo-as e ninguém as ouve. Eu transmito-tas e ninguém dá por isso. Mas é real! (é?). Ridicularizas-me, positivamente, de uma forma exacerbada: baralhas-me os neurónios e fazes desaparecer as sinapses. Dificultas-me a capacidade de interpretação:
Afinal, de que cor é o sol?

terça-feira, 6 de maio de 2008

Um ritual não monótono



Deixo-me ficar. Permaneço. Aqui. No sossego de uma sossegada companhia, sozinha. Os pensamentos que atravessam o lobo occipital do meu cérebro, (não) me-nos deixam resistir ao teu intenso cheiro que preenche todas as vias respiratórias do meu nariz. Ligas (me) todos os sentidos e dás orientação aos meus (des)medidos reflexos que não possuo, mas que os tenho sempre que te aproximas.
Enquanto lá fora toda a gente se inunda de vozes eufóricas pintadas de lilás e amarelo, eu tenho
phones nos ouvidos de uma música silenciosamente boa. É, também, uma música rica em tonalidades em que os gestos nos equilibram e nos mantêm sorridentes através do olhar intenso e caloroso que (me) provocas.
Lá fora, enquanto chovem banalidades de uma vida tão monótona e fútil, sou milionária (cá dentro). Por viver o que vivo e por poder falar do que falo.
Observamos entre esqueletos desconjuntados, mais um dia. Os lençóis (vivos) transformam-nos em seres humanos preguiçosos e com falta de vontade de voltar lá para fora.
Aqui é que se vive bem, não é meu amor?
As minhas sardas estão estampadas na (nossa) almofada e o teu olhar semi-fechado atravessa os quentes cobertores e provoca(-me) cócegas. Que originam risos e sorrisos de uma felicidade contagiante. E verdadeira.

E é sempre só mais um copo de vodka e um cigarro,
já aí vamos.

domingo, 20 de abril de 2008


Sabes... a vida por aqui não tem sido nada fácil. As pessoas, que todos os dias pisam as mesmas pedras da calçada que eu, estão malucas. Tornaram-se loucas pelo oxigénio que mastigam como pastilhas, em que o sabor não se gasta mas que deixa corantes de estupidez presos aos dentes de uma boca sem eles; As paredes agora são portas e as janelas são tapetes. Dizem que os carros já não andam junto ao solo porque a gasolina forma-se nas nuvens que os faz mover na diagonal com as mais absurdas direcções; os semáforos estão sempre verdes porque o vermelho torna-nos cegos, faz-nos ver tudo desfocado e em forma de triângulos que se vão movendo como pára-brisas desengonçados; A chuva deixou de molhar e deixa-nos perante uma seca como nunca em nenhum país se sucedeu. Por essa razão, utilizam-se guarda-chuvas para ir ao supermercado e os carrinhos das compras passaram a ser utilizados para transportar os livros que levo todos os dias para a escola. Junto ao balcão(...), onde tomávamos todas as quintas-feiras o nosso orgásmico shot que nos fazia alucinar para outro mundo, aquele mundo tão ridiculamente monótono,(...) que agora se tornou rádio, ouves um género de sons exurbitantes que me lembram tambores estragados... do género: rompidos por um tiro de uma bala não accionada mas que o som desta fez eco num lugar onde não existe vácuo; Vejo formas circulares que na verdade se deslizam paralelamente junto do meu ouvido direito, de onde agora consigo correr até onde não era capaz de o fazer com as minhas pernas; Porque as minhas pernas, agora ingerem comida como o meu único meio de sobrevivência aqui, neste estranho lugar exaustivo mas que nos apazigua ferozmente e (não) nos deixa evocar acontecimentos passados que na realidade não aconteceram.

Quem aqui está, à minha volta, não vê aqui qualquer sentido porque, na verdade, este mundo não é o deles. Nem nunca será. Porque é meu. E só faz simplesmente parte da minha imaginação.

terça-feira, 1 de abril de 2008





É... retrato.

É uma pobreza que nos clarifica uma tempestade de sensações. Um olhar que se transforma num tacto que, berrantemente, se interioriza. Nos torna capazes de...
E, por mais insensíveis que sejamos,
DEVORA-NOS! Através do movimento (não) insignificante dos ramos que, esfuziantemente, surgem pela brisa quente. E seca. E é esta secura que nos faz transbordar de vontades. Vontades de saborear novos gestos que nos garantem um enriquecer duradoiro.
Talvez tenha sido este povo quem inventou o arco-íris. Um juntar simples e (tão) bonito. Inventaram contrastes onde eu, anteriormente, julguei não serem possíveis existir. Sem nada, fizeram-no. Com tudo, nem se lembrariam de tal. E é isso que nos falta: saber o que é ter nada.

Eles têm-no e é por essa razão que, mesmo sem roupa para vestir, ganham o dia com o sorriso que lhes dou. Com tudo o que (nada) tenho. São ricos. Mais que qualquer outro povo. E a cultura que possuem alegra-nos com espirros de tanto que se entranha. E do tanto que a vivemos.


É... intenso.


Com vontade de lá regressar, Índia.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Fico assim, sem pressas para olhar para cima e ver o céu que ninguém vê. Estrelas que ninguém sente e que poucos ouviram falar, poucos conhecem.
Um dia, ainda vou perceber como é bom viver num mundo como este, tão estranhamente bom. Até lá, permaneço. Deixo-me ficar por entre janelas e portas semi-fechadas. Espero. (Por ti). E tenciono que a tua visita seja para breve. Mas avisa-me, para preparar o meu coração. Pô-lo bonito...


(Até daqui a 2 semanas!)

quarta-feira, 12 de março de 2008

Sabes

Sabes, ainda me dói o peito daquela vez em que quiseste arrancar o teu amor de mim; ainda sinto um vazio leve na alma, porque já não me pesas, já não te sentas aconchegado nos cantos do meu corpo; ainda sinto as lágrimas com sabor a ti, feitas da mesma necessidade e frustação; ainda tenho o teu cheiro entranhado na minha pele, toques de Springfield, Gant ou Pepe Jeans de quando pegavas no primeiro frasco que te aparecia. Ainda, ainda, se ainda assim é, olha, ainda te amo desgraçado, ainda fazes faísca com os meus neurónios, ainda mexes com a minha existência, ainda me esvazias o sangue das aurículas e dos ventrículos, ainda estou à tua espera, sabes, naquele banco onde fizémos planos para a vida inteira, ainda estou à tua espera, naquele lugar onde sabes que te estou a mentir.

domingo, 9 de março de 2008

14.Fevereiro.2008

Bato o pé pela impaciência da tua vinda.

A necessidade que tenho em estar contigo faz-se notar pelo brilho dos meus olhos que (nos) atravessa. Atravessa-nos entre a melodia das ondas que deixa de se conseguir ouvir. Só se sente.

Talvez pelo poder da minha visão dar lugar a um bater de uma caixa, eu perca a noção do som… me esqueça que tenho orelhas que ouvem, e que falam. (Com as tuas).

A caixa precisa-te-nos. É pequenina mas não tem fundo. Precisa da tua-nossa corda, um andamento que vai crescendo todos os dias mais um bocadinho.


Damos vida a um objecto (não) individualista.

Faz-se notar uma aceleração que arrepia dentro e por dentro, que se sente a uma velocidade de repetidos batimentos. Um batimento agressivo que não dói nem magoa, mas que me derrete.

Arrisquei a chutar para longe o gelo que possuía, que me fazia espirrar de coisas más. Sentia-as como os espinhos das rosas quando atravessam a minha pele e tendem em permanecer para me arruinar. (…) São espinhos que apesar da dor que nos causam, garantem raios de sol que nos mimam e nos inclinam. Tal como girassóis que procuram sempre mais e mais com o objectivo de um bronze que se faz sentir como festinhas arrepiantes (mas tão boas…). Também eu tenho girassóis na minha vida, que me vão orientando para o lugar mais quente e acolhedor que exista. Tu, és um desses meus girassóis. Funciono também como uma espécie de tua raiz que se inclina com a força de um vento recheado de novos sabores, novos sonhos que me dás e vais dando. Que nos entrelaçam e nos dão vida. Uma vida a dois. Doce.

E o hábito do nosso toque dá-nos sensações esfuziantes e perfumadas. Como um género do pintar e desenhar de esboços que nos permitem sentir vivos através do aroma das rosas, sabes? Se calhar… o problema é mesmo esse: quando foi a última vez que te deram uma flor?

(…) Mas…injectaste-me de coragem. Deixei que o fizesses porque me mostraste segurança quanto à escolha do meu antídoto. E alucinada pela magia que nos transformou, acrescento páginas a um livro ainda em branco. Mas já com tanta coisa para acrescentar…

É por isso…o romance em biquinhos dos pés, é o mais bonito.



O despertador acordou-me como o toque das panelas quando chocam umas nas outras. Era um barulho incomodativo mas que, naquele momento, era valioso.
Tomar banho, vestir, sigaaa.
Peguei na minha roupa e despejei-a, tipo trapos enrolados, na mochila. Era pequena e ficou como um género de melão preso às minhas costas.
Era hora de partir...
para a viagem mais bonita da minha vida.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Malditos

Tenho medo da caixa que escondi debaixo da cama, a caixa onde guardei sonhos, perdi pedaçinhos de amor e desejo, enfiei tralha que pensei ter valor e que afinal não tinha senão vacúolos de insignificância, arrastei pedaços de nada e fechei tudo numa gaveta à chave que ficou mal fechada e que pede a ajuda trémula, típica das coisas que se estão prestes a quebrar. Tenho medo dos meus fantasmas, esses malditos, que não se quebram, não cabem em caixas e não se enchem de pó. Tenho medo dos meus medos, porque não consigo dormir; a caixa faz barulho e a almofada não pára de se queixar, tem lágrimas nos olhos e dor no coração. Ou será ao contrário?

quarta-feira, 5 de março de 2008

(Estreia)

Podias pedir-me o mundo e eu dava, enrolado em bolas de sabão com sabor a algodão doce. Pintava-o de amarelo – tu gostas e eu também, perfumava-lhe os contornos com a tua essência (que eu um dia vou descobrir qual é, apesar de já a saber de cor), espalhava rebuçados, fitas douradas e aviõezinhos de papel. Convidava a beleza, a lealdade, a segurança, o bem-estar, a felicidade; a perfeição certamente não poderia vir porque está sempre ocupada só contigo. Enfeitava-o ainda em papel de cetim e um pequeno laçarote que vi numa loja trés chic. Agora sim, é teu. Sabes Marimonga, é que só este mundo seria digno de ti.

terça-feira, 4 de março de 2008

Pinta ! (me!)


Preciso de gritar ao mundo o que és e como és para mim. Um grito numa espécie de silêncio em que o eco simplesmente se faz ouvir por entre os teus ouvidos e é guardado num sítio bem mais precioso que o coração. Um sítio nosso. Que foi feito por nós. E para nós.

domingo, 2 de março de 2008

Rebuçados com recheio a mimo





Talvez o aroma 'disto',
seja a solução para tantas coisas como 'esta'.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

A almofada muda que fala(va)





Escrevo linhas sonolentas de páginas soltas por entre almofadas, que se viram para o melhor lado da cama. Aquele em que o sono tem cores e uma melodia silenciosa mas indescritível.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Um mar salgado de coisas boas



Talvez um dia perceba como as ondas se foram inundadas de sal. O carinho do mar, chuta para longe o medo que a areia sente em caminhar sozinha. Assim como a segurança que me dás sempre que o teu carinho nos envolve num mar só nosso. Um mar de palavras que nos formam e transformam. Se calhar, também eu não sei explicar a vida que somos capazes de dar às nossas ondas. Aos ecos profundos que se fazem ouvir por entre sorrisos em concha, que nos pertencem. A nós. É algo precioso a que tenho acesso até de olhos fechados.
Para que sejas, para sempre, a imagem de um reflexo bonito e (não) desfigurado. Que permanece e é capaz de originar coisas tão (ou mais) fortes que ondas.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008





"Aproveita que o namoro em biquinhos dos pés é o mais bonito"

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

terça-feira, 22 de janeiro de 2008


Aprendi a sentir de forma ofegante. A usar todos os meus sentidos de forma secundária abandonando a racionalidade e deixando-me levar pelo coração

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008


Entreguei-me a nós. A ti em mim sem qualquer outra capacidade de sobrevivência. Respirei-nos através de fotografias em que os sorrisos tão transparentes me fizeram reviver momentos passados... mas que correm. Vão correndo e têm vida. Através de olhos e membros vulgares mas especialmente caricatos. Vivi cúmplices segredos e vi no espelho algo que desconhecia até então. Vi-me e achei-me desconhecida. Era alguém com um olho no nariz e um lábio na testa. Estava, desfigurada... Tornei-me estranha e, tudo para mim, era novo apesar de cinzento. Parecia que o calor abrasador que o sol me fornecia, me fazia chover em cima da cabeça. Me molhava de tentativas. Me molhava para uma possível mudança, um adquirir de novos conhecimentos. Um sentir como crianças, como miúdos que correm e pulam a todo o momento por tudo e por nada.
Saltava para te ver. Para ver acima da minha altura. Mais que aquilo para que estou
destinada.... Estarei?...
Vejo fumo a sair-me do cabelo que trespassa a minha garganta. Um fumo cheio de histórias para contar, um fumo que origina saudades na boca. Saudades entranhadas. Entranham-se no nosso tempo, nas nossas oportunidades. Será que também terás essa necessidade? Será que também tu partilhas a mesma vontade? ... Apetece-te voar? E queres? Ensinamo-nos um ao outro num espaço que é só nosso. Que nos pertence como um género de bilhete de identidade. Foi adquirido. Porque o sentimento é comum, e as vontades.... essas não têm fim!

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

" (...)
- O que é que 'estar preso' quer dizer?
- É uma coisa que toda a gente se esqueceu - disse a raposa- Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém...
- Laços?
- Sim, laços - disse a raposa - Ora vê: por enquanto, para mim, tu não és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, para ti, eu não sou senão uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas, se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E, para ti, eu também passo a ser a única no mundo... (...)"

O Principezinho

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008


Estavam margens delineadas,
e eu caminhava sem pressas nem desejos.
A melancolia das minhas experiências fez-me viver desta forma,
deixando marcas neste caminho de terra,
pegadas para os que viessem depois de mim.
Mais que um rasto, largo pó.
Faço(-me) arder os olhos e deixo(-me) aflita.
Tornei-me numa espécie de alergia,
dou(-me) comichão irritante e um certo cansaço que deriva dos pés pesados com que vou rastejando por aqui...

Mas não páro... e sigo.
Porque só o respirar de certas pessoas me irá fazer voar, sair duma monotonia fugaz. Desta, deste percurso.
E certamente que irão partilhar este mesmo caminho em que estou agora. Comigo.
Num vento de novos sabores. Novos caminhos e começos.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008


Senti a liberdade de voar.
Senti que, por todo o tempo que quisesse, poderia sair daqui.
Fugir para longe.
...sem ter que pensar na hora a que voltaria.
Sabe-me bem sentir a areia quente do bater dos nossos corações,
não conseguir esquecer o gosto do sal do teu olhar,
a visão dos teus gestos (que elaboras só para mim)...
assim como o cheiro das nossas histórias.

que dificilmente me custará não lembrar...
talvez um dia.
talvez um dia nos voltaremos a encontrar,
já que até o sol se sente triste,
por nunca mais se ter posto com a ajuda das nossas mãos entrelaçadas...

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