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quinta-feira, 17 de julho de 2008

Lua com cabeça, tronco e membros


Podia acordar-te agora para termos um momento idêntico ao que tivemos há uns tempos atrás...
Estou deitada e mal consigo abrir o olho esquerdo mas, ainda assim, consigo apreciar a luz enorme que transborda pela minha janela a dentro. Rapidamente prefiro não te acordar, deixar-te aí, nesse mundo onde já todos foram mas que na verdade ninguém sabe o que é nem onde se encontra; Então, permaneces assim. Nessa tua simplicidade tão própria que te torna demasiado completo numa complexidade tão simples. Porque, das coisas que mais gosto, é ver-te dormir ao meu lado, abraçado a mim e, por isso, observo-te de olhos fechados e a tua respiração lenta deixa-me o coração acelerado com batimentos que surgem pelo toque do teu corpo no meu.
Observo-te. E, ao pé de ti, a lua não é mais que um simples astro estudado e explorado por alguém. Quanto a mim, encontrei-te eu. E o que temos juntos ultrapassa qualquer outro desses fenómenos naturais.
E, como sei que até a dormir a sintonia se mantém, quero que fiques comigo mesmo que o luar deixe de entrar pela minha janela.
Assim como guardei a lua nas minhas mãos, guardo-te a ti. Para sempre.

terça-feira, 8 de julho de 2008


revolta-me não ter mão nisto, não conseguir rodar o mundo com a ponta do meu dedo e fazê-lo transbordar do que realmente mete toda a gente a sorrir, toda a gente a rir também. já não chegam ao pé de nós com uma lâmpada mágica e nos dizem: sou capaz de te conceber 3 desejos, escolhe-os. acho que o problema de crescermos é mesmo perdermos a capacidade de acreditar, de saber sonhar com a coisa mais ridícula que nos surja à frente, ou até mesmo na nossa cabeça. hoje em dia, esses 3 desejos são poucos devido ao sítio que pisamos todos os dias; esquecemo-nos do que é dar mas quando recebemos, mesmo assim é pouco. se calhar deveríamos andar o resto das nossas vidas rodeados de sete anões e belas adormecidas como um género de guia para o caminho mais acertado, ou então, o mais bonito.
não pedi 3 a ninguém porque sinto que os tenho todos dentro de mim e, antes que o génio da lâmpada chegue, vou concretizá-los sozinha. se vocês pensassem todos da mesma maneira, talvez fossemos capaz de alterar a trajectória do mundo.

Já ninguém morre de amor


- Sabes - disse - não acredito muito nos homens.

Eu respirei fundo e perguntei:

- E no amor, acreditas?

Ela observou o muro e o portão do cemitério, acendeu um cigarro e depois respondeu:

- Sofrer por amor pode ser bonito. Mas não faz sentido, pois não?

Nesse momento, tive vontade de lhe contar o que fora a minha vida neste último ano, desde que a vira pela última vez.



in Já Ninguém Morre de Amor,
Domingos Amaral


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