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terça-feira, 21 de abril de 2009



Qualquer dia atrevo-me a dizê-lo. Grito-te da janela do carro, por entre buzinas estridentes e os assobios suaves do vento, irrequieto e metediço. Agarro-me à vontade de te furar os tímpanos e dou-te música, uma diferente da que tenho vindo a largar-te à porta dos ouvidos. Levo-me em descrições alongadas, perco-me na razão do como e do quando, sem nunca chegar a lado nenhum. Desfaço-me do nó na garganta, da luta contra as paredes do estômago que, ai, dão cabo de mim. Não!, sussurro-te levemente, como quem não quer a coisa, numa língua estrangeira, para que não percebas logo à primeira, pode fazer-te confusão e sempre arranjo tempo para disfarçar. Pensei até em escrevê-lo; Umas vírgulas, um ponto final e nada de exclamações, que dá muito nas vistas. Despacho-me nuns rabiscos, num rascunho com muitos gatafunhos. Subentendo-te o sujeito, sem complementos nem predicados. O mínimo indispensável: Gosto.Muito.De.Ti. (Foda-se!) Ou então talvez sob a forma de uma cláusula, uma nota de rodapé, , quanto muito umas analogias simples com elementos homogéneos, aligeirando assim o peso lexical que carrego e que disfarça o facto de tremer o teu suspiro, os teus olhos que vagueiam por cima das coisas à procura do tempo em que voltava atrás e não me atrevia a fazê-lo. (Olha, foda-se!)

domingo, 19 de abril de 2009


Faço em ti mil viagens e todas as linhas que (me) percorres parecem saber a pouco. então, aventuro-me sempre mais uma vez como um ciclo (in)cansável em que passo pelos mesmos lugares mas a paisagem é sempre diferente. sabes porque é que isso acontece? sabes porra, porque é que sabes sempre tudo aquilo que gosto? como é que dizes que o meu cheiro é inconfundivel quando acordamos? parece que fazes sempre música no meu coração quando abres a boca. quando te diriges a mim e te invejo pela forma como sabes lidar comigo. já percorri contigo quilómetros de felicidade e juntos já construímos estradas cheias de um alcatrão sábio. os teus dedos transformam o monótono em mágico e é por isso que sorriu quando olho para um filme a preto e branco sem graça nenhuma. tantas folhas de história que escrevo todos os dias na minha cabeça, dão os batimentos necessários à minha existência e tu, vives como se "nada fosse", como se mal soubesses que preciso de ti para sorrir todos os dias. porque és um parvo, mas o melhor parvo que já me passou pelas mãos. às vezes faço de nós plasticina, dou voltas e voltas e misturo cores. depois, somos uns bonecos coloridos, mas cheios de piada. esse teu jeito simples transforma as coisas complexas em alcançáveis e orgulho-me. porque estás aqui, e vais estar sempre *





Hoje acordei com vontade de não te pertencer. Tu que tantas vezes rodas para o lado que te convém e não para o lado que me interessa. Hoje tive vontade de te cortar aos bocadinhos e fazer-te sofrer mais por cada um como às vezes me fazes a mim. Hoje tive vontade de te cortar as àrvores para que deixasses de respirar como às vezes me sufocas de coisas que não me dizem nada. Hoje tive vontade de congelar o sol para que nunca mais girasses em torno das tuas vontades. Hoje, quis dar cabo de ti. Atirar-te da órbita abaixo para fazer com que batesses com a cabeça no solo como bola saltitona. Hoje quis consumir-te por inteiro. Engolir-te e cuspir-te para um sítio longe daqui. Hoje fui egoísta. Hoje só quis tentar ser feliz dentro de ti. Mudar-te para mudar contigo. Dar-te a reviravolta espacial e orientar os cometas para o que realmente quero. Hoje, quis alterar-te, mundo.

sexta-feira, 17 de abril de 2009


Não sei se gostar de ti é uma contra-ordenação leve, grave ou muito grave. Não sei em quantas mudanças de direcção me perdes, quantos riscos contínuos me transpões ou quantos sinais vermelhos me ultrapassas. Não sei se sorrateiramente me decoras pelo retrovisor, observando-me os gestos e descortinando-me as falas, ou se faço apenas parte do teu ângulo morto, para o qual não prestas a mínima atenção. Não sei inverter-te o sentido e quanto mais te afastas, mais me avario e desvario. Não sei acelerar-te o quereres-me (mesmo sem saberes), e depois também não sei encadear-te com os máximos sem parecer que foi de propósito (para que o saibas). Não sei adivinhar-te de um embate inevitável que antecipo no alcatrão antes de entregar o volante nas mãos escorregadias do destino, digo eu, ou da sorte, dizes tu. Não sei sequer conduzir-te de forma a encaixar a mudança correcta, o pisca certo, a velocidade controlada, a distância de segurança; Há sempre um piloto automático que me guia levando-me a lado nenhum, mas que me mexe os braços e as pernas, me articula os sons e as palavras e me forma os sorrisos na cara, para que até mesmo tu não percebas que é verdade que não sei, que não faço ideia. Mas sei é que gosto de descobrir-te pela estrada fora, então para mais com essa coisa de não teres sinais proibidos e de seres sempre assim todo em todas as direcções...
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